sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Texturas

Vou começar como quem não quer tudo
Desprendi-me do que não era literário, que não fosse também burocrático. Sou como um camponês urbano, desprezo máquinas e concreto
Não gosto de pessoas nem do que elas acreditam
Gosto das árvores. Gosto da roça. Cheiro de mato, fumaça da madeira queimada, da madeira ferida, da madeira morta
Mas habito em selvas acolchoadas de ferro, cipós elétricos, caules metálicos
Somos carneiros radioativos
Rebanho de máquinas flutuantes, vide riachos de asfalto. Cargos não são pessoas. Existo em quantos possíveis. Escroto as palavras
Tripudio da linguagem
Rompo cabaços de falsos intelectuais, com a textura da minha língua. Fodo o protocolo. Quero comer a menina que trabalha do meu lado. Quero estar ao lado da menina que eu como. Quero comer o lado da menina que me fode.
Engulo o ar e cuspo culpa por coragem
por vontade:
não gosto de pessoas
testo texturas e roço a roça urbana
como um camponês da cidade

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